terça-feira, 16 de agosto de 2011

Novo livro de haicaísta de Santos

A haicaísta brasileira Regina Alonso lançou recentemente o livro Vento Noroeste (Editora All Print).

A obra, que pode ser adquirida pela Livraria Martins Fontes, é um relato inspirado e sensível da autora por seu cotidiano na cidade litorânea de Santos (SP).

Regina Alonso gentilmente compartilhou com Espaço do Haicai a apresentação da obra, escrita pela haicaísta Teruko Oda.

Boa leitura!

Apresentação

Há diários e há registros. Há anotações e há confissões. Alguns, abertos sem restrição. Outros, nem tanto.

Diários objetivos do que se fez ou acontece a cada dia. Anotações de despesas, de compras, de passeios. Registros de acontecimentos, de sensações, impressões e emoções em forma de poemas.

Há os diários íntimos, quase sempre escritos para o deleite de um único leitor — o próprio registrante.

Há, ainda, os diários de viagem, conhecidos pela designação japonesa haibun. Nesta categoria, estudiosos do assunto afirmam ser Oku no hosomichi, de Matsuo Bashô, poeta japonês do século 17, o mais famoso.

Popular entre os japoneses, mas ainda pouco praticado no Brasil, este Vento Noroeste, embora não tenha a pretensão de ser um haibun, e nem siga as orientações sugeridas para o gênero, pode ser lido como tal.

Vento Noroeste - viagem poética – sempre no mesmo lugar...
Narrativa leve e bem humorada de acontecimentos vivenciados pela autora e guardados na memória por algumas décadas. Uma retrospectiva cuja dinâmica, baseada na combinação de prosa e poesia, nos conduz pelas ruas e casas de Santos, sua cidade natal, onde reside até hoje.

Impregnado de vida e poesia, o passado, agora revisitado sob o olhar maduro da haicaísta Regina Alonso, vai se transformando em poemas do aqui e agora — fugaz momento de eternidade do tempo que foge implacável.

Na grande casa de ‘portas de correr’ Regina não mora mais... Mas,

Por entre os vitrais
Pôr-do-sol de primavera
colore as paredes.


E sem que se possa deter o avanço das horas, chega o verão com suas cores, sons e cheiros. Barracas abarrotadas de frutas da época despertam mágicos momentos, vozes do passado, inesquecíveis.

Barraca de feira
e o saudoso refrão —
Manga madurinha!



E sob o olhar sensível da poeta, solidão e nostalgia vão dividindo o espaço num mesmo poema com os sentimentos de gratidão e resignada aceitação do imutável, como nestes

Taça de cristal —
A mesma dos antepassados
neste Reveillon.


Malas sobre o chão —
Entre as peças desdobradas
uma folha seca.


De volta ao passado —
Pelas calçadas de Santos
Vento noroeste.



As palavras, mesmo as nascidas no papel, criam asas. Libertam-se e voam em busca de seu próprio destino.

Que o futuro reserve para este Vento Noroeste a alegria de muitas mãos acolhedoras.

São Paulo, primavera de 2010.
Teruko Oda

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